Trabalho há 15 anos em uma pequena empresa que possui 35 empregados.
Iniciei a minha atividade profissional nela. Nesse período ela estava começando
e foi um grande desafio. Trabalhei ainda na fase de implantação do projeto. Nós
éramos desafiados todos os dias no processo de montagem e início de operação da
fábrica. Tivemos que treinar os operários e definir rotinas de operações e
manutenção. Assim se passaram 5 anos até a fábrica ficar em plena operação e
com a qualidade final dos produtos dentro do especificado.
Nesse período, tanto o gerente quanto todos os outros funcionários da
fábrica trabalhavam muito próximos, e com isso foi desenvolvida uma boa
capacidade de resolver problemas em grupo. Assim todas as sugestões para
solução de problemas eram consideradas, e mesmo cansados e com sobrecarga de
trabalho estávamos motivados. Quando falávamos em férias era só no sentido de cumprir
as questões trabalhistas e muitos trabalhavam mesmo estado de férias.
Passada essa fase, entramos em operação normal. Muitos dos problemas de
relacionamento que não tínhamos na fase de implantação começaram a surgir.
Embora as funções estivessem definidas juntamente com as atribuições,
identificava-se uma desmotivação quase generalizada. Essa desmotivação estava gerando
uma falta de comprometimento. Assim observando, também, se verificava uma
centralização das decisões. O chefe era quem decidia tudo. Estava presente em
todas as atividades e sempre tomava a iniciativa.
Como as decisões sempre estavam centralizadas no chefe, ele nunca tirava
férias. Assim quando um funcionário ia tirar férias era como se estivesse
traindo ou fazendo algo errado em se afastar durante um período. Assim o período
de férias passou a ser um período de preocupação no andamento do trabalho.
Agora, o trabalho se tornou não mais um ambiente de realização e sim um
ambiente de cobrança onde o principal era sempre o trabalho. A minha família já
não compreendia mais a razão de tanto esforço e dedicação. Não se tinha mais o
reconhecimento, mas sim a presença constante da inibição da possibilidade de
usufruir um simples direito, FÉRIAS. Com isso comecei a me perguntar, porque
continuar nesse emprego? Então já não aguentava mais tanta pressão e tanta
culpa. Culpa de não possuir o direito as férias como um momento de relaxamento,
descontração e socialização com amigos e familiares.
Portanto, decidi conversar com o meu CHEFE, informando para ele que já
não havia mais espaço para permanência desse modelo de gestão. A empresa já não
fazia mais parte do meu sonho de realização. Após tantos anos de conquistas e
convivência percebi que o meu CHEFE ficou sensibilizado. Modesta parte, ele não
esperava que o mais fiel dos empregados estivesse tão insatisfeito. A pesar de
tudo isso, senti que ele ficou agradecido por minha sinceridade.
Na próxima semana continuaremos.
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